AJUSTE
FISCAL: ECONOMIA E PAPO FURADO
A ECONOMIA do ajuste fiscal
diz que ele é necessário por dois motivos principais:
1)
Quando o nível do saldo primário das contas
publicas define uma trajetória da dívida que é insustentável ou o ajuste é
feito ou a trajetória vai causar a perda do grau de investimento e a partir daí
uma crescente expectativa de default do setor publico. Essa expectativa vai
gerar uma corrida contra os títulos públicos, juros crescentes, desvalorização cambial,
inflação e recessão.
2)
O déficit publico nada mais é que poupança publica
negativa que reduz a poupança domestica e aumenta a necessidade de poupança externa
que nada mais é do que o déficit em conta corrente. Nesse ambiente querer
corrigir o déficit em conta corrente via desvalorização do cambio só vai
aumentar a inflação.
Ou seja, ser contra o ajuste
é ser favorável a inflação e a recessão.
O PAPO FURADO do ajuste
fiscal diz que defende-lo é ser contra os pobres e contra os gastos sociais.
Uma maneira de vender essa idéia é justificar o déficit pelo aumento dos gastos
sociais. Nesse caso o déficit é resultado de uma coisa boa e “pro - pobre”. O
fato é que não existe essa coisa de parte boa e parte ruim do déficit. Déficit são
despesas acima das receitas e o ritmo de aumento da divida publica. Não conheço
nenhum caso em que uma crise de divida publica foi evitado porque o país “justificou”
o déficit como sendo causado por gastos nobres como gastos para os mais pobres.
Se o Brasil for por aí vai pagar um preço alto.