sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

UM AQUARIO DE GENTE

O projeto do aquário, no formato que possui hoje, não se justifica do ponto de vista econômico e dificilmente vai ser viabilizado. O seu propósito, no entanto, alavancar o turismo e recuperar a área degradada da praia de Iracema continua super valido e importante. Como preservar-lo?
Aqui vai uma sugestão: implantar no local um centro de eventos de médio porte, único do Brasil integrado ao mar e com um potencial de beleza arquitetônica singular. Um centro de eventos (congressos, conferencias, seminários), diferente de um centro de feiras demanda um espaço de uso menor, compatível com a área existente. A taxa de uso do atual centro de feiras tem sugerido que nossa vantagem comparativa está na área de eventos e não de feiras. O que faz mais sentido em Fortaleza? Um congresso de energias alternativas ou uma feira de implementos agrícolas?
Um centro de eventos de médio porte seria mais barato e viável para uma PPP. Seria auto-sustentável em termos de custo de manutenção e teria uma bela sinergia com o Dragão do Mar (trabalho no centro e lazer no Dragão). Creio que a combinação da cidade, do local, de um projeto arquitetônico arrojado e do Dragão do Mar, tornaria o centro uma referencia no Brasil.

Com a palavra os arquitetos e urbanistas.
O DÓLAR E O DÉFICIT EM CONTA CORRENTE

O déficit em conta corrente foi recorde em 2014, atingido 90 bilhões de dólares equivalentes a 4,2% do PIB. Em função disso leio nos jornais analistas afirmando que a desvalorização do real precisa continuar para que o déficit seja reduzido. O dólar teria que ir a R$ 3,50 ou mais para reverter o déficit na balança comercial e assim reduzir o déficit em conta corrente. ERRADO!!!

O atual déficit não é causado por um cambio supostamente valorizado e sim por um desequilíbrio macro estrutural. Meus alunos da disciplina Conjuntura Econômica aprendem que o déficit em conta corrente é reflexo de uma conjuntura onde a taxa de investimento da economia é maior que a sua taxa de poupança domestica. A taxa de investimento do Brasil (18% do PIB) nunca foi tão baixa e isso é muito ruim. O problema é que a nossa taxa de poupança domestica é menor ainda, pois o setor privado tem diminuído sua poupança, hoje na casa dos 15% do PIB, e o governo tem despoupado, poupança negativa, cada vez mais. A despoupança do governo em 2014 foi recorde e atingiu o impressionante valor de 6,7% do PIB.


Nesse cenário, querer corrigir o conta corrente via cambio não vai funcionar e vai criar uma pressão maior na inflação. Temos aqui mais um motivo para um ajuste fiscal forte.

CONTA CORRENTE EM BILHÕES DE DÓLARES


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

SECA: VELHO PROBLEMA, VELHAS SOLUÇÕES

Louvável a iniciativa do Governador em apresentar na Assembléia o plano do governo para enfrentar a seca. O plano se divide em dois eixos. O primeiro de medidas emergenciais e o segundo de medidas estruturantes.
No eixo de medidas estruturantes um conjunto de projetos e ações que implicam em investimentos do tesouro do estado de um bilhão de Reais, divididos em três eixos: segurança hídrica, sustentabilidade econômica e conhecimento e inovação. Uma analise da divisão de recursos entres tais eixos nos leva ao prognóstico de que mais uma vez vamos trabalhar o problema da seca com as soluções de sempre. O eixo de conhecimento e inovação receberá aportes de 3 milhões de Reais de um total de 1 bilhão, ou seja, 0,3% do total!

Tem algo errado quando se planeja 400 milhões para um aquário e 3 milhões para inovação no convívio com a seca. 

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

CRISE CAMBIAL

O saudoso prof. Mario Simonsen, de quem tive o privilégio de ser aluno, dizia que inflação adoece, mas crise cambial mata. A crise cambial acontece quando, de forma repentina, o fluxo de dólar na economia se torna fortemente negativo. Depois de vários anos de cenário externo favorável corremos risco de uma crise cambial?
No passado uma crise cambial gerava de forma automática uma crise interna já que a divida publica era fortemente indexada ao dólar. Com isso a desvalorização do cambio gerava um aumento imediato da divida e déficit publico que gerava emissão de moeda que gerava inflação que gerava aumento dos juros que gerava recessão.
Atualmente a divida publica em dólar é muito pequena o que afasta o risco de uma crise fiscal. O mesmo não se pode dizer da divida do setor privado. Nesse caso uma forte desvalorização do dólar pode causar uma crise de liquidez em empresas e bancos. Do ponto de vista macro o maior risco seria no front da inflação já que uma desvalorização forte vai ser repassada aos preços em um momento em que essa já esta em níveis elevados e pressionada por ajustes de preços administrados e pela seca.
O prof. Simonsen dizia que quando o déficit em conta corrente chega aos 2% do PIB acende a luz amarela e quando chega aos 4% acende a luz vermelha. Naquela época o país não tinha reserva internacionais no nível que temos hoje, mas um déficit que já monta 4,2% do PIB certamente é preocupante. Diria que o primeiro sinal de alerta surge quando passamos a ter déficit na balança comercial, o que aconteceu desde o ano passado. O segundo é quando o déficit em conta corrente é maior que o fluxo de investimentos diretos externos, que também vem acontecendo desde o ano passado.

Não creio que estamos na iminência de uma crise cambial, mas temos que ter cuidado. Um evento, no entanto, muito provavelmente deflagraria uma: a perda de grau de investimento dos títulos públicos. Não é por acaso que um forte ajuste fiscal passou a ser a prioridade numero um da equipe econômica.




segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

DOIS AQUÁRIOS, DOIS MODELOS, DUAS REALIDADES

O propósito dessa nota não é discutir a pertinência e sim mostrar caminhos diferentes que dois projetos de aquários no Brasil tomaram. Estamos falando dos aquários do Ceará e do Rio de Janeiro.
O dois modelos de aquários são um excelente exemplo de alternativas de implantação de um projeto de interesse publico. Em comum, ambos se apresentam com os propósitos de alavancar o turismo e de promoção de pesquisas cientificas. No entanto, as diferença em termos de implantação são substanciais.
O aquário do Rio se apresenta como o maior da America Latina (5,8 milhões de litros), vai ser financiado pela iniciativa privada, foi apresentado junto com um plano de negócios que entre outros fixou um valor máximo dos ingressos em R$ 40,00, vai custar R$ 80 milhões, está em andamento e tem previsão de conclusão para o segundo semestre de 2015. Ou seja, é uma realidade.
O aquário de Fortaleza se apresenta como o quarto maior do mundo (15 milhões de litros), vai ser financiado pelo governo do estado, não apresentou um plano de negócios, vai custar, ao cambio de hoje, em torno de R$ 400 milhões, está paralisado e tem previsão de só ficar pronto no final de 2017. Ou seja, ainda é uma promessa.
O que chama mais atenção são as diferenças de tamanho, sofisticação e orçamento bem como os conseqüentes custos de manutenção. Não conheço os detalhes dos dois projetos e os valores que menciono foram obtidos nos jornais locais e nacionais, mas tamanha diferença não faz sentido. Nosso público potencial é menor, somos uma economia menor e com maior restrição fiscal e nossas demandas em termos de investimentos públicos alternativos são maiores.

Na disciplina Economia do Setor Público que ministro na UFC chamo sempre atenção para a importância do conceito de custo de oportunidade (uso alternativo do dinheiro público) e para a necessidade de analise custo - beneficio (plano de negócio) em projetos que envolvam investimentos elevados. Nesse sentido, a historia dos dois aquários é muito didática.

AQUÁRIO DO RIO




AQUÁRIO DO CEARÁ


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O BRASIL PRECISA DE MAIS CONCORRÊNCIA

Reformas microeconômicas estão de volta ao debate. Essa importante agenda foi esquecida, mas agora será uma prioridade da nova equipe econômica. Dentre tais reformas destacamos uma que faz muita falta ao país: concorrência.
Concorrência é uma das condicionantes principais para o bom desempenho dos mercados. Quando essa existe os mercados alocam de forma imbatível os recursos da economia. Isso implica em bens e serviços de melhor qualidade, ao menor preço e onde eles são mais necessários.
Mais concorrência não significa menos governo, mas melhor governo. Não significa privilegiar o estrangeiro, mas priorizar o consumidor.
Precisamos de mais concorrência na educação de forma que escolas ruins sejam excluídas, por competição, por escolas com o mínimo de qualidade. Na saúde pública temos que ter mais informações sobre os custos dos serviços prestados. No transporte publico novas alternativas precisam ser incentivadas e não reprimidas.
Precisamos de mais competição em vários setores econômicos como o aéreo, bancário, refino de petróleo, automobilístico, construção pesada, etc. O mesmo acontece com uma “jabuticaba” brasileira que é o nosso sistema de cartórios.

Essa é uma agenda que o país deve abraçar: Concorrência externa e interna, dentro e fora do governo, na industria e nos serviços, para o pobre e para o rico, para o trabalhador e para o empresário.




quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

PORQUE O PIB SÓ DESCE

O PIB de 2013 cresceu pouco acima de 2%, o de 2014 deve crescer zero e o de 2015 vai ser negativo. Por quê? Aqui vão dez motivos:

1-    A história mostra que modelos de crescimento baseados na expansão do consumo alimentado por crédito, transferências de renda e incentivos fiscais, tem vida curta. No Brasil não foi diferente.

2-    Nosso problema de crescimento vem do lado da oferta e não do lado da demanda. Ou seja, não temos capacidade de, no curto prazo, aumentar a oferta de bens e serviços. Nesse caso, se aumentar a demanda o que vai acontecer é mais inflação e mais déficit externo.

3-    A taxa de desemprego mostra que o marcado de trabalho está no limite. Isso que dizer que aumentar o PIB adicionando mais mão de obra na economia não é mais viável.

4-    O crescimento do consumo é cada vez menor. A razão disso são o menor crescimento das transferências de renda, o maior endividamento das famílias, o menor poder de compra do trabalhador por conta da inflação elevada e a maior incerteza em relação ao emprego futuro.

5-    O investimento público deve cair por conta de uma maior restrição fiscal.

6-    O investimento privado vem caindo por conta de um ambiente econômico de incerteza, baixo crescimento e juros em alta.

7-    O cambio desvalorizado pode ajudar as exportações, mas não devemos esquecer que existe um efeito secundário negativo que é o aumento dos custos dos bens intermediários importados.

8-    A inflação em alta diminui a renda do trabalhador e aumenta as incertezas do empresário.

9-    Os gastos correntes dos governos federal e estaduais devem cair em função do ajuste fiscal.

10- Sem aumento de investimentos e absorção de mão de obra, o crescimento do PIB só é possível via aumento da produtividade. Infelizmente ela tem caído nos últimos anos.


O baixo crescimento do PIB esse ano é inevitável diante de um cenário de inflação alta, déficit externo elevado e contas públicas desajustadas. O governo (leia-se ministro da fazenda) sabe que, infelizmente, alguém tem que pagar a conta de excessos feitos no passado. Não fazê-lo só aumenta o tamanho da fatura e o custo do pagamento. Na economia também vale o ditado: aqui se faz aqui se paga.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015


PORQUE O DÓLAR SÓ SOBE

O Dólar nesse momento esta sendo negociado a R$ 2,86, seu maior valor nos últimos dez anos. Por quê? Aqui vão dez motivos:

1-    Um déficit em conta corrente superior a 4% do PIB.

2-    Uma grande incerteza na Europa e mesmo na China que aumenta a aversão ao risco do investidor e o faz procurar o porto seguro do Dólar.

3-    A possibilidade, cada vez maior, de aumento da taxa de juros nos Estados Unidos o que aumenta a atratividade de seus títulos.

4-    O aumento do risco Brasil que já aumentou 100 pontos base e hoje esta na casa dos 320 pts. (3,2%).

5-    O aumento da inflação.

6-    Uma economia com risco de recessão, sendo pouco interessante para o investidor externo.

7-    Um cenário de incerteza política.

8-    A possibilidade de o país perder o grau de investimento, principalmente sua maior empresa.

9-    Existe uma demanda crescente por proteção cambial por parte do setor privado que se endividou muito em dólar.

1-  Como ensinava o professor Dornbusch, em momentos de incerteza acontece o overshooting do cambio quando esse se desvaloriza acima do que os fundamentos explicam.

Saudades do dólar a R$1,60!!



terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

AMANHA É UM DIA D PARA O EURO

Amanha é o prazo final para a Grécia chegar a um acordo com o Banco Central Europeu que lhe permita um novo empréstimo ponte para rolar sua dívida.  No momento temos um impasse entre o novo governo grego e a Alemanha. O primeiro quer ajuda e ao mesmo tempo adiar, ou mesmo abandonar, medidas de ajustes estruturais (cortes de salários e aposentadorias, privatizações, cortes de gastos, etc.) já acordadas com o BCE e FMI. A Alemanha aceita ajudar desde que os acordos prévios sejam cumpridos. Alem disso o governo grego que renegociar sua divida trocando os atuais títulos de divida por novos que condicionem seu pagamento ao crescimento da economia.

A situação é muito difícil. Por um lado todos sabem que a divida da Grécia, superior a 170% do PIB, é impagável no curto prazo e que os custos do ajuste tem sido altíssimos para a sociedade. Por outro temos um país que tem recebido ajuda significativa nos últimos anos, que pactuou acordos e contratos e que precisa fazer reformas para ter uma economia minimamente viável dentro do Euro.

Como evitar que uma vez que a Grécia teve a oportunidade de renegociar contratos outros países como Irlanda e Portugal também não tenham essa possibilidade? Como justificar que reformas sejam demandadas em alguns países e adiadas na Grécia? Como evitar o risco de validar plataformas políticas inviáveis, mas com grande apelo eleitoral (estelionato eleitoral)? Como justificar para o contribuinte alemão que ele, que fez o ajuste e aceitou salários congelados no inicio do Euro, vai pagar a conta do contribuinte grego que não fez o ajuste e teve aumentos salariais? Como evitar uma crise de corrida aos bancos na Grécia fomentada pelo receio de depósitos em Euro serem transformados em moeda local como aconteceu com a Argentina?


O grande economista Rudiger Dornbusch tem uma frase muito apropriada para o momento da Grécia: “a crise leva uma eternidade para chegar, mas então precisa apenas de uma noite para acontecer”. Que amanha não seja essa noite na Grécia.





segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O DESAFIO DA POLITICA FISCAL

Se na política monetária a meta é a inflação e o instrumento a taxa de juros, na política fiscal a meta é a dívida pública e o instrumento o resultado primário das contas do governo. Assim a meta anunciada de ter um superávit primário de 1,2% do PIB tem haver com uma meta de dívida pública.
A dinâmica da divida publica é definida pela seguinte fórmula:

Z = (i – x) d + dp
Z = derivada da divida (d) em relação ao tempo
i = taxa de juros reais da divida
x = taxa de crescimento da economia
d = nível atual da dívida
dp = déficit primário das contas públicas

A dívida pública bruta do Brasil encerrou 2014 em 65% do PIB, um valor bem mais elevado que países em mesmo estagio de desenvolvimento e acima do limite prudencial referenciado na literatura empírica de 60%. Ou seja, é importante que o governo inicie uma trajetória de queda da mesma. Infelizmente isso não vai acontecer.
Como o governo anunciou uma meta de superávit primário de 1,2% do PIB a divida só pararia de crescer se a diferença entre o juro real e o crescimento da economia ficasse em 2%. Esse cenário é praticamente impossível já que hoje temos um juro real na casa dos 6% e a perspectiva mais otimista de crescimento da economia não supera 1%.


Para complicar perceba que toda vez que o governo sobe a taxa selic para combater a inflação ele eleva o juro real. Com isso o diferencial acima mencionado aumenta e piora a dinâmica da dívida.



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO

Temos colocado que o fim do projeto da refinaria abre uma janela, espero que promissora, para o desenho de uma nova estratégia de desenvolvimento para o estado. Uma boa estratégia jamais deve ser feita na base da intuição ou senso comum. Ela deve ser baseada em uma reflexão cuidadosa  e deve considerar o contexto global de um mundo cada vez mais integrado.

O gráfico abaixo é um exemplo de análise que deve ser feita no sentido de pensar o Ceara de maneira global. O ponto é que nesse caso o Ceará, diferente do Brasil, pode ser enquadrado como uma economia de pequena população mais com boa posição em relação aos mercados consumidores globais. Sua estratégia de desenvolvimento não precisa dessa forma replicar a do Brasil.





quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

TAMANHO DO GOVERNO

Em tempos de inicio de novas administrações estaduais são frequentes reformas administrativas. Uma reforma administrativa sempre tem duas componentes: a política e a técnica. Não nos cabe comentar sobre a componente política.
Do ponto de vista técnico uma reforma administrativa só se justifica se for para tornar o governo mais eficiente e mais efetivo. O primeiro significa ter um governo que faz mais com menos. O segundo significa ter um governo que entrega resultados e não apenas obras. Essa é a essência da proposta de ter um governo que pratica Gestão para Resultados (GPR).
Tendo experiência de governo e sendo consultor do Banco Mundial e do BID nessa área posso afirmar que no Brasil de hoje muitos governos dizem que tem GPR, porém poucos efetivamente a praticam.
A Crise fiscal em que o Brasil se encontra trouxe a tona um assunto relevante: o tamanho do governo. Na verdade a questão relevante não é o tamanho, mas o que o governo gera em retorno ao seu financiamento pelo contribuinte. O gráfico que apresentamos abaixo fornece um parâmetro para análise.
O gráfico mostra uma medida de efetividade dos governos estaduais que é a quantidade (valor) do PIB que é gerado por unidade de órgão (secretarias, empresas publicas, fundações, etc.) público existente.
Os dados mostram que o governo do Ceará pode, e deve procurar ser mais efetivo. Na média, cada órgão público do Ceara gera 1,4 bilhões de Reais de PIB enquanto que em Goiás essa relação é de 4,0 bilhões.
Um argumento para justificar os dados é que os governos são grandes porque os estados são pobres e precisam de mais ajuda principalmente a população mais pobre. Aqui a questão relevante é qualificar bem o que se define por ajuda, para quem vai essa ajuda e quem paga essa ajuda. Esse ponto será tratado em um post seguinte.







quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

REFINARIA: JÁ QUE NÃO TROUXE A MAX QUE LEVE A MINI

A decisão da Petrobras de não trazer a refinaria max (premium) para o Ceará é fato consumado. O estado tem todo o direito de protestar e exigir ressarcimentos pelos investimentos já realizados. Ele pode, no entanto, fazer mais. Deve exigir de forma definitiva que a Petrobras transfira a mini refinaria que mantém no porto do Mucuripe.
A transferência da mini refinaria para o Pecém, ante de mais nada, corrigiria uma aberração em termos de segurança que é ter uma refinaria em uma área urbana densamente povoada.
O ganho maior seria o econômico, pois a transferência da refinaria e do parque de tancagem associado a ela abriria espaço para o desenvolvimento de uma área urbana super nobre.
Essa área esta localizada em um dos locais mais bonitos de Fortaleza, já dispõe de boa infraestrutura urbana, inclusive de mobilidade com o futuro VLT, tem apelo histórico cultural com o farol do Mucuripe e esta conectada com o novo terminal de passageiros do porto. Tem tudo para ser explorada como um polo de hotelaria e de serviços.
No que tange a serviços é uma área bastante próxima dos terminais de chegada dos cabos submarinos de comunicação que ligam o Brasil com a Europa e Estados Unidos, podendo se transformar em polo de serviços digitais de primeira linha. Um planejamento urbano do tipo do que esta fazendo o Rio de Janeiro com o “Porto Maravilha” pode viabilizar um polo de espaços comerciais, de serviços e de lazer.

Em resumo, já que a Petrobras não quer ajudar no nosso desenvolvimento que ela deixe de atrapalhar.


PORTO MARAVILHA - RIO



MUCURIPE MARAVILHA - FORTALEZA ?
 


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

IME NORDESTE

No post anterior mencionei o exemplo de Nova York que esta investindo em um polo de tecnologia e empreendedorismo a partir da atração de uma filial da Universidade de Cornell. O novo campus vai ficar localizado em uma área nobre da cidade que é a Ilha Roosevelt. A cidade percebeu que não podia ficar dependente do setor financeiro e de turismo para continuar crescendo e resolveu inovar. Percebeu que para inovar e criar novos negócios precisava atrair e fazer interagir com a população local pessoas de talento, estudantes brilhantes, pesquisadores e empreendedores. Esse é o conceito de inovação aberta. Para tal o caminho foi atrair um centro de pesquisa e ensino de primeira linha oferecendo incentivos de infraestrutura e, é claro, a atratividade da cidade.
Por que Fortaleza não pode fazer algo parecido? Por que não tentar negociar com o Exército a instalação na área super nobre, hoje subutilizada, do 23º BC no Benfica, de uma filial do Instituto Militar de Engenharia- IME?
De acordo com reportagem do Jornal Valor Econômico o Exército tem projeto de transferir o conceituado IME para Guaratiba no Rio de Janeiro e investir no conceito de inovação aberta. Não seria esse o momento de conversar e propor o IME Nordeste em Fortaleza?
Nas palavras do próprio Exército:
"Nosso objetivo é dar uma nova dinâmica ao sistema de ciência e tecnologia do Exército, aumentado a sua capacidade de interagir com as empresas brasileiras", disse o coronel Álvaro Pereira da Silva, assessor especial do comandante do Exército na área de tecnologia, general Enzo Martins Peri.”
A inovação aberta (desenvolvimento feito em colaboração entre a indústria, o governo e a academia) poderá ser aplicada de forma mais eficaz no polo de Guaratiba, onde já está presente o Centro Tecnológico e o Centro de Avaliação do Exército, e, em breve, o Instituto militar de Engenharia (IME), segundo o coronel Silva. "Estamos criando em Guaratiba uma sinergia semelhante à que existe na Suécia em relação a inovação aberta", afirmou.



O IME Nordeste seria o empreendimento ancora de um polo de tecnologia aberta votado para inovação inclusiva nas áreas de construção civil, materiais, energia limpa, mobilidade urbana, comunicação, design, software, etc.

Não adianta: ou ousamos e inovamos ou vamos continuar sendo apenas uma cidade simpática, ou criamos novos negócios e riqueza ou vamos continuar sendo uma cidade de elevada dívida social.


                                                                     IME Rio de Janeiro



IME Fortaleza?



















REFINARIA DO SABER

O competente Eliomar de Lima cunhou um termo interessante no atual debate sobre a refinaria: “refinaria do saber”.
A refinaria do saber seria um contraponto a refinaria do petróleo.  Não são projetos excludentes de maneira que podem co-existir. Infelizmente a refinaria do saber não tem despertado a atenção e interesse dos governantes, políticos e empresários.
Podemos definir a refinaria do saber como um pólo formado por um centro de pesquisa e ensino de ponta associado a um parque tecnológico.
Na refinaria do saber os insumos são jovens talentosos e pesquisadores que o ceara têm em abundancia. Na refinaria do petróleo os insumos são óleo, máquinas e equipamentos que o ceará não possui. Na refinaria do petróleo os produtos principais são gasolina e óleo diesel, na refinaria do saber são inovação e empreendedorismo. A refinaria do petróleo é poluente, pois é movida a carvão, a do saber vai ajudar a limpar o meio ambiente, pois vai desenvolver novas tecnologias. A refinaria do saber vai gerar um grande numero de pequenas e médias empresas de base tecnológica, a do petróleo dificilmente vai gerar um grande pólo petroquímico.
Para os que acham que isso é ilusão e teoria veja o exemplo de Nova York. A cidade recentemente destinou um de seus últimos espaços nobre, a Ilha Roosevelt, para criar o Cornell NYC Tech. Um novo campus da Universidade de Cornell, encravado e integrado a cidade para o desenvolvimento de riqueza na era digital. A cidade entra com parte da infra-estrutura, algo como 200 milhões de Dólares, e a universidade com 2 bilhões de investimentos para criar um complexo de ensino, pesquisa e empreendedorismo.
Certamente não somos Nova York mais também não somos Angola para concentrar nosso desenvolvimento em petróleo e refinaria.

CORNELL NYC TECH