quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

CRISE CAMBIAL

O saudoso prof. Mario Simonsen, de quem tive o privilégio de ser aluno, dizia que inflação adoece, mas crise cambial mata. A crise cambial acontece quando, de forma repentina, o fluxo de dólar na economia se torna fortemente negativo. Depois de vários anos de cenário externo favorável corremos risco de uma crise cambial?
No passado uma crise cambial gerava de forma automática uma crise interna já que a divida publica era fortemente indexada ao dólar. Com isso a desvalorização do cambio gerava um aumento imediato da divida e déficit publico que gerava emissão de moeda que gerava inflação que gerava aumento dos juros que gerava recessão.
Atualmente a divida publica em dólar é muito pequena o que afasta o risco de uma crise fiscal. O mesmo não se pode dizer da divida do setor privado. Nesse caso uma forte desvalorização do dólar pode causar uma crise de liquidez em empresas e bancos. Do ponto de vista macro o maior risco seria no front da inflação já que uma desvalorização forte vai ser repassada aos preços em um momento em que essa já esta em níveis elevados e pressionada por ajustes de preços administrados e pela seca.
O prof. Simonsen dizia que quando o déficit em conta corrente chega aos 2% do PIB acende a luz amarela e quando chega aos 4% acende a luz vermelha. Naquela época o país não tinha reserva internacionais no nível que temos hoje, mas um déficit que já monta 4,2% do PIB certamente é preocupante. Diria que o primeiro sinal de alerta surge quando passamos a ter déficit na balança comercial, o que aconteceu desde o ano passado. O segundo é quando o déficit em conta corrente é maior que o fluxo de investimentos diretos externos, que também vem acontecendo desde o ano passado.

Não creio que estamos na iminência de uma crise cambial, mas temos que ter cuidado. Um evento, no entanto, muito provavelmente deflagraria uma: a perda de grau de investimento dos títulos públicos. Não é por acaso que um forte ajuste fiscal passou a ser a prioridade numero um da equipe econômica.




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