AMANHA
É UM DIA D PARA O EURO
Amanha é o prazo final para
a Grécia chegar a um acordo com o Banco Central Europeu que lhe permita um novo
empréstimo ponte para rolar sua dívida. No momento temos um impasse entre o novo
governo grego e a Alemanha. O primeiro quer ajuda e ao mesmo tempo adiar, ou mesmo
abandonar, medidas de ajustes estruturais (cortes de salários e aposentadorias,
privatizações, cortes de gastos, etc.) já acordadas com o BCE e FMI. A Alemanha
aceita ajudar desde que os acordos prévios sejam cumpridos. Alem disso o
governo grego que renegociar sua divida trocando os atuais títulos de divida
por novos que condicionem seu pagamento ao crescimento da economia.
A situação é muito difícil. Por
um lado todos sabem que a divida da Grécia, superior a 170% do PIB, é impagável
no curto prazo e que os custos do ajuste tem sido altíssimos para a sociedade.
Por outro temos um país que tem recebido ajuda significativa nos últimos anos,
que pactuou acordos e contratos e que precisa fazer reformas para ter uma
economia minimamente viável dentro do Euro.
Como evitar que uma vez que
a Grécia teve a oportunidade de renegociar contratos outros países como Irlanda
e Portugal também não tenham essa possibilidade? Como justificar que reformas
sejam demandadas em alguns países e adiadas na Grécia? Como evitar o risco de
validar plataformas políticas inviáveis, mas com grande apelo eleitoral (estelionato
eleitoral)? Como justificar para o contribuinte alemão que ele, que fez o
ajuste e aceitou salários congelados no inicio do Euro, vai pagar a conta do
contribuinte grego que não fez o ajuste e teve aumentos salariais? Como evitar
uma crise de corrida aos bancos na Grécia fomentada pelo receio de depósitos em
Euro serem transformados em moeda local como aconteceu com a Argentina?
O grande economista Rudiger
Dornbusch tem uma frase muito apropriada para o momento da Grécia: “a
crise leva uma eternidade para chegar, mas então precisa apenas de uma noite
para acontecer”. Que amanha não seja essa noite na Grécia.
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