CRISE
CAMBIAL
O saudoso prof. Mario
Simonsen, de quem tive o privilégio de ser aluno, dizia que inflação adoece,
mas crise cambial mata. A crise cambial acontece quando, de forma repentina, o
fluxo de dólar na economia se torna fortemente negativo. Depois de vários anos
de cenário externo favorável corremos risco de uma crise cambial?
No passado uma crise cambial
gerava de forma automática uma crise interna já que a divida publica era
fortemente indexada ao dólar. Com isso a desvalorização do cambio gerava um
aumento imediato da divida e déficit publico que gerava emissão de moeda que
gerava inflação que gerava aumento dos juros que gerava recessão.
Atualmente a divida publica
em dólar é muito pequena o que afasta o risco de uma crise fiscal. O mesmo não
se pode dizer da divida do setor privado. Nesse caso uma forte desvalorização
do dólar pode causar uma crise de liquidez em empresas e bancos. Do ponto de
vista macro o maior risco seria no front da inflação já que uma desvalorização
forte vai ser repassada aos preços em um momento em que essa já esta em níveis
elevados e pressionada por ajustes de preços administrados e pela seca.
O prof. Simonsen dizia que
quando o déficit em conta corrente chega aos 2% do PIB acende a luz amarela e
quando chega aos 4% acende a luz vermelha. Naquela época o país não tinha
reserva internacionais no nível que temos hoje, mas um déficit que já monta
4,2% do PIB certamente é preocupante. Diria que o primeiro sinal de alerta
surge quando passamos a ter déficit na balança comercial, o que aconteceu desde
o ano passado. O segundo é quando o déficit em conta corrente é maior que o
fluxo de investimentos diretos externos, que também vem acontecendo desde o ano
passado.
Não creio que estamos na iminência
de uma crise cambial, mas temos que ter cuidado. Um evento, no entanto, muito
provavelmente deflagraria uma: a perda de grau de investimento dos títulos
públicos. Não é por acaso que um forte ajuste fiscal passou a ser a prioridade
numero um da equipe econômica.
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