sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O DÓLAR E O DÉFICIT EM CONTA CORRENTE

O déficit em conta corrente foi recorde em 2014, atingido 90 bilhões de dólares equivalentes a 4,2% do PIB. Em função disso leio nos jornais analistas afirmando que a desvalorização do real precisa continuar para que o déficit seja reduzido. O dólar teria que ir a R$ 3,50 ou mais para reverter o déficit na balança comercial e assim reduzir o déficit em conta corrente. ERRADO!!!

O atual déficit não é causado por um cambio supostamente valorizado e sim por um desequilíbrio macro estrutural. Meus alunos da disciplina Conjuntura Econômica aprendem que o déficit em conta corrente é reflexo de uma conjuntura onde a taxa de investimento da economia é maior que a sua taxa de poupança domestica. A taxa de investimento do Brasil (18% do PIB) nunca foi tão baixa e isso é muito ruim. O problema é que a nossa taxa de poupança domestica é menor ainda, pois o setor privado tem diminuído sua poupança, hoje na casa dos 15% do PIB, e o governo tem despoupado, poupança negativa, cada vez mais. A despoupança do governo em 2014 foi recorde e atingiu o impressionante valor de 6,7% do PIB.


Nesse cenário, querer corrigir o conta corrente via cambio não vai funcionar e vai criar uma pressão maior na inflação. Temos aqui mais um motivo para um ajuste fiscal forte.

CONTA CORRENTE EM BILHÕES DE DÓLARES


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